
O aclamado cineasta Guillermo del Toro deixou clara sua posição contra o uso da inteligência artificial generativa (IA), especialmente em produções artísticas e cinematográficas. Durante a divulgação de seu próximo filme, “Frankenstein”, o vencedor do Oscar comparou a busca por avanços tecnológicos desenfreados à arrogância do próprio Victor Frankenstein, o cientista fictício que desafia a morte em sua clássica história de horror.
Em entrevista à NPR, del Toro afirmou que sua maior preocupação “não é a inteligência artificial, mas a estupidez natural”, que, segundo ele, é o verdadeiro motor das piores atitudes humanas. O diretor explicou que projetou a personalidade de Victor Frankenstein em seu novo filme justamente para refletir os perigos da ambição desmedida por controle e poder tecnológico:
“Eu queria que a arrogância de Victor fosse semelhante à dos irmãos da tecnologia. Ele é meio cego, cria algo sem considerar as consequências. Acho que temos que fazer uma pausa e considerar para onde estamos indo.”
Del Toro ressaltou que a mensagem central de Frankenstein continua extremamente relevante na era moderna, servindo como alerta sobre os limites da ciência e da criação sem responsabilidade ética.
Ao ser questionado diretamente sobre sua opinião a respeito da IA generativa — ferramentas capazes de criar textos, imagens e vídeos de forma automatizada — o diretor foi enfático:
“IA, particularmente IA generativa – não estou interessado, nem nunca estarei interessado. Tenho 61 anos e espero poder permanecer desinteressado em usá-la até morrer.”
Del Toro contou ainda que recentemente recebeu um e-mail perguntando qual era sua posição sobre o tema e respondeu de forma direta e provocadora:
“Prefiro morrer.”
Conhecido por sua defesa intransigente da criatividade humana e pelo estilo visual e narrativo inconfundível de seus filmes, o diretor mexicano sempre enfatizou que a arte deve expressar emoção, imperfeição e humanidade — características que, segundo ele, as máquinas jamais poderão reproduzir.
Del Toro, vencedor do Oscar por A Forma da Água (2017) e diretor de clássicos como O Labirinto do Fauno (2006), afirmou que sua aversão à IA vem do mesmo lugar que o inspirou a amar o cinema: sua fascinação pela adaptação de Frankenstein de 1931, que ele considera uma das obras mais humanas e trágicas da história.
Com Frankenstein (2025), o diretor promete oferecer uma nova visão do mito — não apenas sobre o monstro, mas sobre a obsessão humana por criar e controlar a vida, tema que, para ele, nunca foi tão urgente diante do avanço das inteligências artificiais.