Highlander – Só pode haver um

“Só pode haver um”, a icônica frase que resume tudo que é o filme Highlander – O Guerreiro Imortal de 1986, também poderia se aplicar perfeitamente á própria franquia que ele deu origem, já que o único filme realmente bom de toda a saga e justamente o primeiro.

Bem, hoje vamos rever os motivos que fazem o longa original ser tão bom e as suas sequências tão dispensáveis e também especular sobre o futuro da franquia.

Guerreiro Imortal

A ideia para Highlander surgiu da mente de Gregory Widen, após uma visita a Escócia e ele ver uma armadura de época e imaginar como seria se o dono dela ainda fosse vivo nos dias atuais.

Ele juntou esse conceito ao plot do filme Os Duelistas (lançado em 1977 e dirigido por Ridley Scott), sobre dois homens que passaram anos tendo duelos de espadas e o expandiu para um grupo de vários imortais que lutam entre si em uma busca de um misterioso prêmio destinado ao últimos deles.

A única maneira de um imortal morrer é perdendo a sua cabeça, o que faz com que todos eles se tornem espadachins.

No filme Christopher Lambert vive um desses imortais, um guerreiro escocês de 1536, chamado Connor MacLeod, que após se recuperar milagrosamente de um ferimento mortal é banido do seu clã por ser considerado um monstro por eles.

Connor conhece outro imortal, o bondoso e sarcástico Juan Sánchez-Villalobos Ramírez (vivido pela lenda recentemente falecida Sean Connery), que se torna seu mestre e melhor amigo, lhe ensinando á lutar e tudo sobre os imortais e o rapaz vai precisar desse treinamento se no futuro quiser vencer o terrível Kurgan (Clancy Brown), um outro sádico imortal.

Com direção de Russell Mulcahy, o primeiro filme da série é de longe o melhor dela, com um roteiro redondo, boas cenas de luta, romance, bom tom de humor e ainda um bônus que é a trilha sonora do Queen.

O filme tem um final bem definitivo e ele poderia (e deveria) ter parado por ali mesmo, ficando assim marcado com com um dos melhores filmes de fantasia dos anos 80, mas eles resolveram criar uma franquia, então não tem jeito, vamos falar das sequências.

O Filme que ninguém queria

Mesmo com o primeiro longa tendo um final bem fechado, os produtores resolveram fazer uma sequência, que por decisões no mínimo questionáveis de roteiro, acabou se tornando um dos piores filmes da franquia.

Lançado em 1991 e com direção novamente de Mulcahy, Highlander II: A Ressurreição (Highlander II: The Quickening no original) se passa no futurista ano (para época) de 2024, mostrando um mundo sombrio e distópico onde a camada de ozônio desapareceu e a Terra só não foi destruída pela radiação graças á um escudo financiado por um agora envelhecido Connor MacLeod, que finalmente se tornou um mortal.

O escudo é controlado pela The Shield Corporation, uma empresa que cobra altas taxas para mante-lo, mas através de Louise Marcus (Virginia Madsen) uma ex-funcionária da companhia (e o novo interesse amoroso de Connor) o Highlander irá descobrir que a camada de ozônio retornou, fazendo que o escudo não seja mais necessário.

Porém derrubar o escudo desnecessário não é o único problema que eles precisam lidar, pois um outro imortal chega para desafiar Connor, o General Katana vivido por Michael Ironside.

Olhando assim, nem parece tão ruim, mas Highlander 2 tem uma trama desnecessariamente complexa, coloca os imortais como alienígenas (a coisa mais odiada do filme) e ainda conta com o improvável retorno de Ramírez, que pelo menos foi interpretado por Sean Connery novamente.

A sequência desnecessária é odiada por público e critica e deu início também á uma “tradição” da franquia, que são as várias versões de um mesmo filme, Highlander II tem pelo menos três delas.

Mesmo com o fraquíssimo desempenho do longa, a franquia não morreu, com um terceiro filme sendo então lançado.

Mais do Mesmo

Highlander III: O Feiticeiro (tendo lá fora vários subtítulos como “The Magician” e “The Final Dimension”) é o terceiro longa dá serie, mas quando lançado em 1994, servia para ser o “novo” segundo (sim, o Highlander 2 foi totalmente desconsiderado).

A história é basicamente a mesma do filme original, com algumas diferenças para não falar que os filmes são idênticos.

Connor dessa vez tem um filho adotivo (já que imortais não podem ter filhos) e descobre que ao contrário do que foi dito no final do filme original, ele não é o último imortal, três deles que estavam em hibernação em uma caverna no Japão são acidentalmente libertados, sendo o líder deles e novo principal adversário o macabro Kane (Mario Van Peebles), quase um Kurgan 2.0, com a diferença que ele tem poderes mágicos com efeitos especiais que envelheceram muito mal.

Claro, como não poderia ser diferente, mas uma vez Connor se apaixona por uma bela mulher, a arqueóloga Alexandra Johnson (Deborah Kara Unger).

Highlander III é bem fraco, uma cópia inferior do filme original, ainda assim quando comparado ao tenebroso segundo longa da franquia, ele acaba se tornando mais digerível.

Quase Bom

Lançado em 2000 com direção de Doug Aarniokoski, Highlander: A Batalha Final (Highlander: Endgame) é o quarto longa da série de filmes dos Guerreiros Imortais, servindo ao mesmo tempo como uma sequência do filme original e também da série de TV de 1992, sim, mais uma vez fizeram uma sequência que ignora os filmes anteriores, porém agora fazendo ligação com o seriado, que ao contrário dos filmes, agradou a crítica e o público, tendo seis temporadas.

Mesmo tendo ligações com a série, o filme funciona perfeitamente bem mesmo para quem não assistiu ao seriado, já que ele explica quem é o novo imortal Duncan (Adrian Paul), também um membro do clã MacLeod, que se tornou aprendiz de Connor, da mesma forma que o mesmo foi de Ramírez.

E o vilão da vez vivido por Bruce Payne tem uma forte ligação com Connor e Duncan, não sendo apenas uma nova versão de Kurgan, como nas sequências anteriores.

O filme conta com um roteiro bem melhor que os dois últimos e cenas de ação interessantes, principalmente pela presença do ator e artista marcial Donnie Yen, porém não é exatamente um bom longa, ele é apenas razoável, o que melhora a visão dele é a comparação com os seus antecessores que são muito ruins.

Bem, a franquia Highlander infelizmente ganhou um quinto filme e vocês logo vão entender o porque do “infelizmente”.

Fundo do Poço

Lançado em 2007 direto para a TV e DVD, Highlander: A Origem (Highlander: The Source) é até então, o último filme da franquia e é de longe o pior de todos (Sim, pior que a parte 2 na minha opinião).

A trama mostra Duncan (mais uma vez vivido por Adrian Paul) se unindo á outros imortais na busca pela “fonte”, que seria a origem da imortalidade e a resposta para os séculos de lutas que eles foram obrigados á travar.

Porém um terrível guardião da fonte, irá se colocar no caminho deles.

O longa dirigido por Brett Leonard, foi durante (e justamente) criticado, sendo considerado por muitos como o fundo do poço da saga.

O longa deveria ter sido o primeiro de uma nova trilogia, mas o seu fracasso acabou com esses planos e desde então a franquia Highlander está no limbo.

Os longas de Highlander sempre foram filmes B, mas esse é com certeza um C, com uma história que não faz o menor sentido, cenas de ação vergonhosas, atuações pífias, cenários pobres e efeitos especiais tenebrosos.

Em tempo no mesmo ano de 2007, Highlander ganhou uma animação chamada Highlander: The Search for Vengeance que é bastante elogiada, ao contrário da maioria dos filmes live-actions.

O Que o Futuro Reserva Para os Imortais?

Já tem um bom tempo que o projeto de um remake do filme original se arrasta por Hollywood, projeto esse que já teve envolvidos os nomes de Ryan Reynolds que seria o novo Connor MacLeod, Tom Cruise que foi cogitado como Ramírez e Justin Lin que chegou a assinar como diretor, mas acabou se afastando.

Recentemente o diretor Chad Stahelski (Franquia John Wick) assinou como o novo responsável pelo reboot e ainda afirmou que a ideia é fazer uma trilogia que honre o filme original.

Só nos resta esperar pra ver se esses novos filmes irão mesmo acontecer e se eles realmente serão bons, do que pelo contrário vai se confirmar de forma definitiva que o primeiro Highlander poderia ter sido único e que no fim das contas realmente só pode haver um.