Opinião: !!1917!!

Hollywood sempre preferiu filmes sobre a Segunda Guerra Mundial ao invés da Primeira e, olhando para as histórias das duas guerras, é fácil entender o porquê a Segunda sempre foi mais focada na arte em geral. A Primeira é mais “pobre” neste quesito, tanto que dificilmente nos lembramos de mais de 3 filmes sobre a Grande Guerra. Sam Mendes, porém, descobriu uma “mina de ouro” quando decidiu adaptar uma história da guerra contada por seu avô, que foi mensageiro na guerra.

Independentemente do quão verdadeiro o roteiro é, ou do quanto Sam teve que criar por não ter todos os detalhes, o filme é definitivamente o melhor sobre a Grande Guerra e um dos melhores sobre guerras no geral. Quando pensamos em filmes de guerra, geralmente desejamos muitos tanques, aviões e batalhas num todo, mas aqui isto é o de menos. O filme não tem nem 5% da ação que geralmente procuramos nestes tipos de filmes, mas é justamente isto que o torna único. A Guerra está ali a todo momento de uma forma nunca antes explorada, pode até se dizer que a Guerra é o “personagem principal” de toda trama já que os diálogos, que geralmente ocupam 75% ou mais de um filme, aqui não devem chegar em 40%. Justamente esta falta de diálogo que mais te prende e faz a obra se tornar ainda maior, por todo o suspense e clima criado somente pelos sons de fundo de um conflito que apenas trouxe dor.

Falando em som, não podemos deixar de lado a épica trilha sonora feita por Thomas Newman, uma lenda na área e que rouba a cena. É preciso deixar claro que este é o primeiro filme de guerra sem ficção ou besteira no meio que consegue misturar drama, suspense e até terror, além do som ambiente de uma guerra. E isso foi possível pela trilha sonora que é com certeza a melhor de um filme lançado em 2019 (já que o filme foi originalmente lançado em Dezembro na Inglaterra e Estados Unidos). Newman é um dos compositores que mostrou que consegue fazer temas para qualquer gênero com perfeição. Caso não conheça o seu trabalho, recomendo que escute a trilha sonora do clássico Os Garotos Perdidos de 1987.

Não podemos fugir de falar sobre atuação, em que podemos dizer que personagens mesmo são apenas os de George MacKay e Dean-Charles Chapman, o resto, mesmo os grandes atores, são apenas figurantes. MacKay até então teve seu maior papel em Capitão Fantástico, enquanto o de Chapman foi em O Rei, da Netflix. Eu até entendo o motivo de ambos não serem indicados a prêmios pelo fato, justamente como disse, do diálogo não ser muito presente mas, considerando como muitos atores já ganharam premiações com muito menos tempo em tela, acho inaceitável os dois não estarem concorrendo a nada, incluindo o Oscar. Dificilmente outros atores no lugar de ambos, mesmo os mais famosos, conseguiriam entregar atuações tão boas e verdadeiras como a deles. Mesmo sem prêmios, definitivamente várias propostas para coisas grandes chegarão para estes dois daqui por diante.

Para finalizar, como não falar da direção magnífica de Sam Mendes? Mendes é um daqueles diretores que já fez coisas espetaculares e você continua esperando coisas boas, mas não que possam superar seus trabalhos passados, e aí está, 20 anos depois do grande Beleza Americana, o diretor lança sua maior obra-prima. As longas filmagens mal te fazem acreditar que realmente existiram cortes no longa (pouquíssimos, mas existiram), o que não só dá a impressão de continuidade, como também só te faz ficar mais preso e atento ao filme o tempo tempo, de cabeça é até difícil lembrar que algum outro diretor teve esta audácia.

1917 não só foi o melhor filme de 2019 como também da década e encabeçará muitas listas (incluindo a minha) de filmes sobres guerras. Épico é a melhor definição para este que foi um filme que trouxe novidades que mudaram o cinema e que muitos diretores daqui pra frente também utilizarão.

1917 está em cartaz nos cinemas brasileiros.

Nota: 10

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