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Dose Semanal #1: Jurassic Park (1993): E o porque deste clássico ainda dar calafrios 30 anos depois

Como Spielberg transformou dinossauros em cinema atemporal e nos lembrou que alguns copos d'água nunca param de tremer!

Dose Semanal #1: Jurassic Park (1993): E o porque deste clássico ainda dar calafrios 30 anos depois

Há trinta anos, Jurassic Park chegou aos cinemas e mudou o jeito como a gente via dinossauros no cinema. Era um filme de aventura com suspense, humor e um toque de ciência que, de alguma forma, continua funcionando até hoje. O curioso é que, mesmo depois de tanto tempo, ele ainda parece mais real e intenso do que a maioria dos blockbusters atuais.

O sucesso foi enorme: mais de um bilhão de dólares arrecadados no mundo todo e três Oscars técnicos — som, edição de som e efeitos visuais. Mas mais do que números, o que faz o filme continuar relevante é o jeito como ele foi feito. Spielberg não exagerou no computador: usou efeitos digitais só quando precisava e completou tudo com animatrônicos criados por Stan Winston. É por isso que o T-Rex de sete toneladas ainda assusta. Ele estava ali, de verdade, debaixo da chuva, rugindo. Isso faz diferença.

O roteiro também é esperto. Ele fala de clonagem e genética de um jeito acessível, sem deixar a história ficar travada em explicações. Lembrando que, na época, nem a ovelha Dolly existia ainda. A famosa frase “a vida encontra um jeito” acabou virando quase um resumo da ideia central do filme — a natureza sempre dá um jeito de escapar do controle.

Os personagens são outro ponto forte:

  • Ian Malcolm (Jeff Goldblum), o matemático sarcástico que rouba a cena com humor e ceticismo.
  • Alan Grant (Sam Neill), o paleontólogo que vai do desinteresse ao puro fascínio.
  • John Hammond (Richard Attenborough), o criador do parque, que queria realizar um sonho e acabou liberando um pesadelo.
  • Ellie Sattler (Laura Dern), a botânica prática e destemida, que faz mais do que muita gente nota na primeira vez que assiste.

Algumas cenas viraram ícones. A primeira aparição do Braquiossauro ainda impressiona. É o tipo de cena que prende porque a gente vê o espanto dos personagens e sente junto. Spielberg entende que mostrar a reação pode ser tão forte quanto mostrar o próprio dinossauro. E o mesmo vale para o copo d’água tremendo — uma ideia simples que virou sinônimo de suspense. A ameaça se anuncia de forma discreta, e a gente sabe que algo gigantesco vem aí antes mesmo de ver.

Os Raptores na cozinha talvez sejam o melhor exemplo de como o diretor controla o medo. Ele usa o som, os reflexos, os pequenos movimentos. Não tem nada gratuito — é tensão pura, construída com calma e precisão.

E o final amarra tudo de um jeito inesperado: o T-Rex, o mesmo monstro que causou o caos, acaba salvando o grupo. É uma inversão divertida e simbólica — a natureza resolve o problema à sua maneira.

Três décadas depois, Jurassic Park continua sendo uma aula de equilíbrio entre técnica, emoção e ritmo. Não depende de nostalgia. É simplesmente um filme bem contado, feito com cuidado e um senso de espetáculo que ainda impressiona.

Nota: 5/5. Continua funcionando porque não tenta ser mais do que é — e talvez por isso ainda seja único.