Dossiê James Bond
Existem poucas franquias do cinema tão duradouras e lucrativas quanto a saga 007.
Desde 1962 tivemos vinte e cinco filmes oficiais, estrelados por seis atores, em produções repletas de ação, romance, humor, perseguições eletrizantes, grandes cenas de combate, tiroteios mortais e também uma boa dose de ficção científica.
Nesse artigo iremos falar um pouco da franquia, seus filmes e os famosos astros que viveram o agente secreto britânico.
Criador e Criatura
James Bond foi criado na literatura por Ian Fleming e o autor colocou muito de si mesmo no personagem.
Fleming era inglês, foi militar participando da divisão de inteligência, gostava de carros velozes, de frequentar clubes e de…mulheres, todas as características do espião.
O primeiro livro lançado foi Casino Royale em 1953, que foi seguido de outros estabelecendo o sucesso de 007 que se consolidaria em suas adaptações para os cinemas e por falar nisso vamos á elas.
Mas antes alguns detalhes:
Vamos comentar aqui sobre todos atores, dos quais são considerados os melhores (e piores) filmes de cada um, de seus vilões e Bond Girls.
Vamos começar porque M, não espera.
Sean Connery: O Bond Clássico
Por ironia do destino o primeiro ator á viver Bond nos cinemas não era inglês.
O escocês Sean Connery viveu Bond por seis filmes oficiais da franquia (e um não oficial).
Ele tinha muitas semelhanças com o Bond da literatura (apesar do próprio Ian Fleming discordar), mas também trouxe suas próprias características ao personagem como o seu charme, seu jeito irônico e sarcástico.
O melhor filme de Bond da era do ator considerado pelos fãs e por boa parte da crítica é o 007 Contra Goldfinger de 1964, enquanto que o pior na opinião de uma boa parcela é justamente o último da franquia principal estrelado por Connery, Os Diamantes São Eternos de 1971.
O título de melhor vilão da fase Connery, também acaba indo quase sempre para Auric Goldfinger (Gert Fröbe), mas claro com menções honrosas para o arqui-inimigo de James Bond Ernst Stavro Blofeld vivido por Donald Pleasence e Charles Gray nos filmes do Connery e os capangas Red Grant (Robert Shaw) de Moscou contra 007 e Oddjob (Harold Sakata), o braço direito de Goldfinger que se tornou icônico por causa do seu chapéu laminado.
Já a melhor Bond Girl dessa fase também divide opiniões, mas á um certo consenso em Pussy Galore (Honor Blackman), que adivinha de qual filme ela é? Sim Goldfinger, o que pode ajudar a comprovar a maior preferência por esse longa, já que os vilões e a Bond Girl mais queridos da fase Connery vem dele.
George Lazenby: O Bond Único
Um dos momentos mais curiosos da franquia, foi a curta passagem do australiano George Lazenby como 007.
Sim, durante um momento que Connery parecia ter se despedido de vez do papel do Bond (o que não foi o caso como veríamos no futuro), Lazenby foi escolhido como o novo interprete do agente secreto, estrelando o seu primeiro (e último) filme da saga, o 007 – A Serviço Secreto de Sua Majestade de 1969.
Nele mais uma vez Bond enfrentava Blofeld, agora vivido por Telly Savalas.
A Serviço Secreto é um filme que divide opiniões entre os fãs de 007, alguns amam, outros nem tanto.
Porém sobre a Bond Girl Tracy (Diana Rigg) existe um maior consenso com ela sendo considerada uma das melhores de toda a franquia (alguns consideram a melhor), pois foi uma das poucas mulheres que Bond realmente amou.
Por uma decisão que o próprio Lazenby lamentaria mais tarde, ele nunca mais voltou para saga.
Roger Moore: O Bond Camp
Em 1973, um novo Bond surgiria para entrar para a história no filme Com 007 Viva e Deixe Morrer, o Bond de Roger Moore.
O primeiro ator britânico á viver 007 trouxe uma ar mais leve e bem humorado pra ele.
Ainda haviam as mortes é claro, mas agora tínhamos um Bond piadista, que se envolvia em situações cômicas e sempre tinha uma tirada irônica na boca.
Também foi a fase onde a ficção científica mais correu solta na franquia, com Bond usando gadgets e veículos cada vez mais fantasiosos.
Essa abordagem desagradou e desagrada boa parte do fandom de 007 até hoje, mas muitos também amam e Moore acabou se tornando o Bond favorito de todo uma geração.
Não existe muito consenso de quais são os melhores e piores filmes de Moore, alguns dizem que o melhor é O Espião Que me Amava de 1977, enquanto outros preferem Viva e Deixe Morrer.
Sobre o pior filme há discussões sobre O Homem com a Pistola de Ouro de 74, Contra o Foguete da Morte (79) e o Na Mira dos Assassinos de 1985.
Já o melhor vilão também varia, porém apesar de o Homem com a Pistola de Ouro não ser um dos mais memoráveis filmes da franquia, o assassino de aluguel Francisco Scaramanga vivido pela lenda Christopher Lee costuma ser bem visto entre os fãs.
E claro que não podemos esquecer de mencionar um dos mais famosos capangas da saga que estreou nos filmes de Moore, mas especificamente no Espião que me Amava, o gigante com dentes metálicos Jaws interpretado por Richard Kiel, que de tão popular apareceu por dois filmes seguidos, sendo o segundo o Foguete da Morte.
Já a melhor Bond Girl de Moore é na opinião da maioria a espiã soviética Anya Amasova (Barbara Bach), também de o Espião que Me Amava.
Timothy Dalton: O Bond Fiel aos Livros?!
Depois da longa passagem de Moore pela franquia estava na hora de um novo ator assumir o legado de 007 e o nome escolhido foi o também britânico Timothy Dalton.
Infelizmente ao contrário de seu antecessor, Dalton ficou pouco tempo no papel de Bond, apenas dois filmes : 007 – Marcado Para Morrer de 87 e o Permissão Para Matar de 89.
O Bond de Dalton foi para uma linha bem diferente da versão de Moore, voltando para uma pegada mais séria, violenta e até um tanto sombria, tanto que causou certa estranheza no público da época acostumado com os filmes mais leves de Moore.
Porém muitos fãs consideram essa versão á mais próxima ao 007 dos romances.
Como dito acima por ter apenas dois filmes, fica um tanto claro qual é considerado o melhor de Dalton, o segundo Permissão Para Matar.
Na verdade ele reúne tudo o que tem de melhor da curta era Dalton, a história, a ação, o vilão Franz Sanchez (Robert Davi) que foi claramente baseado em Pablo Escobar (com uma menção honrosa ao seu cruel capanga Dario interpretado por um jovem Benicio del Toro) e a Bond Girl Pam Bouvier (Carey Lowell).
Pierce Brosnan: O Bond Multimídia
Por causa de uma disputa pelos direitos da franquia, os filmes de 007 tiveram um intervalo longo fora dos cinemas, só voltando em 1995 com 007 Contra GoldenEye.
Timothy Dalton resolveu não retornar e Pierce Brosnan se tornou o quinto interprete do 007.
Como Connery e Moore em suas épocas, Brosnan que parecia ser um amálgama de todos os 007 anteriores marcou época, sendo lembrando como o Bond dos anos 90 e conquistando muitos fãs, mas isso não apenas com os filmes.
Na prática James Bond é um personagem multimídia desde que saiu dos livros para as telonas, mas Brosnan expandiu isso também fazendo o anti-herói ser popular nos games.
Lançado para o Nintendo 64 em 1997, o jogo de GoldenEye se tornou um dos mais famosos e queridos do console e o sucesso dele com o público mais jovem fez com naturalmente que houvesse um interesse pelo filme e graças ao jogo, muitos novos fãs de 007 acabaram surgindo.
Houveram outros games de James Bond antes e depois de GoldenEye, mas nenhum fez o mesmo sucesso.
Agora sobre o melhor filme de Brosnan, acaba não sendo nenhuma surpresa que a maioria das listas coloquem GoldenEye, já o pior na visão de muitos é o último antes da renovação da franquia, o Um Novo Dia Para Morrer de 2002.
E pela primeira vez, o posto de melhor vilão acabou sendo duplo, com o ex-agente traidor do MI6 Alec Trevelyan (Sean Bean) e sua aliada, a assassina Xenia Onatopp (Famke Janssen), que sente prazer sexual ao matar, ambos de GoldenEye.
Já sobre a melhor Bond Girl de Brosnan, a disputa é um tanto acirrada entre Natalya Simonova (Izabella Scorupco) também de GoldenEye e a Jinx de Halle Berry de Novo Dia Para Morrer.
Daniel Craig: O Bond Polêmico
Por causa de franquias como Missão Impossível e Bourne, os produtores de 007 acharam que era a hora de dá uma sacudida em 007 e que sacudida.
Daniel Craig se tornou o novo nome á viver o agente secreto e nunca houve tanta controvérsia na escolha de um novo ator para a franquia.
Craig foi criticado fortemente pelos fãs, com alegações de que ele não tinha “o charme e o porte físico para ser um Bond”, até mesmo o fato dele ser loiro era um problema.
Além das polêmicas com o novo ator, pela primeira vez a franquia teve realmente um reboot, com Cassino Royale (2006), que se tratava de uma nova linha do tempo, com um Bond que havia acabado de conseguir a sua licença para matar, na prática um Batman Begins de James Bond.
Sim, por mais incrível que pareça, os 007 de Sean Connery á Pierce Brosnan eram o mesmo personagem, mais ou menos na mesma continuidade, mas agora isso havia mudado.
A abordagem também mudou, era um Bond mais brutal, mais “seco” digamos assim, com cenas de ação mais sujas e porque não dizer “realistas”.
Esse estilo teve uma certa resistência no começo, mas com o tempo Craig também acabaria deixando o seu legado na longa franquia e tendo os seus fãs com alguns até mesmo o considerando o melhor James Bond.
Agora sobre o melhor longa de Craig, aconteceu o mesmo que em outras eras da franquia, uma disputa entre dois ótimos filmes com alguns preferindo Cassino Royale, enquanto outros afirmam que Operação Skyfall de 2012 é o melhor.
O mesmo ocorre com os vilões com alguns preferindo o Le Chiffre de Mads Mikkelsen, enquanto outros gostam mais do Raoul Silva de Javier Bardem.
Já a melhor Bond Girl ninguém tem dúvidas: Ela é a Vesper Lynd vivida por Eva Green e que de certa forma se fez presente em toda a fase Craig, apesar é claro da importância da Madeleine Swan interpretada por Léa Seydoux.
Curiosidades
A franquia tem quatro personagens coadjuvantes que estão presentes em quase todos os filmes.
M, o chefe de Bond no MI6 que foi vivido por Bernard Lee , Robert Brown, Judi Dench e Ralph Fiennes.
A M de Dench claramente se destaca, primeiramente por ser uma mulher e deixando claro nos filmes que ela era a substituta do M masculino anterior, criando uma relação “tensa” com os 007 de Brosnan e Craig da qual a mesma vivia alfinetando.
Como dito também, apesar do Bond de Craig está situado em um reboot, Dench foi mantida como M.
O segundo personagem é outro de extrema importância , é Q, o principal inventor do MI6, responsável por todos os veículos, armas e gadgets bizarros usados por Bond.
O Q original foi vivido por Desmond Llewelyn que ficou conhecido pelo bordão “Cresça, 007”, que ele sempre dizia após algumas das inúmeras gracinhas de Bond com ele.
O Q da era Craig era bem mais jovem que o original, agora interpretado por Ben Whishaw.
O terceiro personagem da lista é a única mulher que Bond não conseguiu conquistar (apesar de tentar), a Miss Moneypenny, a eficiente secretária de M.
A Moneypenny clássica foi vivida por Lois Maxwell, enquanto que a sua versão mais recente foi interpretada por Naomie Harris.
Por fim temos um dos poucos amigos de Bond e um personagem recorrente da franquia, o agente da CIA Felix Leiter, que foi interpretado por vários atores sendo o último Jeffrey Wright.
Existem dois filmes não oficiais da franquia, o primeiro deles é o Casino Royale de 1967 estrelado por David Niven e se trata de uma comédia.
O segundo é o Nunca Mais Outra Vez, lançado em 1983 e estrelado pelo próprio Sean Connery, fazendo com que esse fosse o último filme de 007 com o ator.
O filme é uma nova adaptação do romance Thunderball, que na franquia principal se tornou o filme 007 contra a Chantagem Atômica de 1965 (e também com Connery).
Esse filme só foi possível, porque o produtor Kevin McClory conseguiu os direitos do livro.
Apesar de ser um dos maiores galãs da história de Hollywood, Conney ficou calvo bem cedo e ele usou peruca em boa parte de seus filmes como Bond (quem diria em?)
George Lazenby não voltou a fazer o Bond porque acreditou que o personagem estava “fora de moda” e que não duraria muito no cinema…
Roger Moore foi um dos atores que viveu Bond por mais tempo tanto que nos últimos filmes, o próprio admitiu que não se sentia mais fisicamente apto para interpretar o espião.
Em Foguete da Morte, o Bond de Roger Moore visitou nosso país, “Pulando” Carnaval e tendo uma famosa cena de ação no Pão de Açúcar.
Quatro atores da era Brosnan acabaram participando de filmes de super-heróis sendo eles: Famke Janssen que viveu a Jean Grey nos filmes dos X-Men, Alan Cumming um dos vilões menores de GoldenEye que também trabalhou em X-Men como Noturno, Halle Berry, mais um nome de X-Men vivendo a Tempestade (e também a Mulher Gato naquele filme não muito bom da personagem) e o recentemente o próprio Pierce Brosnan que interpretou o Senhor Destino em Adão Negro.
Trilha sonora é um elemento de grande importância na saga, com inúmeras músicas marcantes sendo usadas em cenas de introdução que são praticamente clipes.
Algumas das músicas mais importantes são:
Goldfinger de Shirley Bassey e tema do filme homônimo.
Live and Let Die de Wings e Paul McCartney de Viva e Deixe Morrer.
Nobody Does It Better de Carly Simon e trilha de O Espião Que Me Amava.
A View to a Kill canção da banda Duran Duran e usada no filme Na Mira dos Assassinos.
The Living Daylights do A-Ha e tema de Marcado para a Morte.
GoldenEye de Tina Turner e música do filme homônimo .
You Know My Name, música de Chris Cornell e tema de Cassino Royale.
E claro Skyfall de Adele pertencente ao filme de mesmo nome.
Além é evidente do tema clássico de James Bond criado por John Barry.
O Que o Futuro Reserva?
E agora pra finalizar após o fim da era Craig, o que esperar da franquia?
Qual caminho ela irá seguir e qual ator será o sétimo James Bond?
Henry Cavill é um nome que alguns fãs pedem.
Idris Elba ao que parece chegou a ser cogitado, como também agora Lucien Laviscount (se um James Bond loiro fez barulho no passado, um negro também teria a sua polêmica).
Recentemente também surgiram rumores que Aaron Taylor-Johnson assumiria o papel.
Bem, só o tempo dirá, mas não importa quem seja escolhido, a franquia 007 ao que parece está longe de acabar.
Todos os filmes de 007 estão disponíveis no Prime Video.