Os clássicos monstros da Universal

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Eles já fazem parte do imaginário popular.

Drácula, O Lobisomem, A Múmia, O Monstro de Frankenstein, todos eles estão aí há décadas, tendo várias adaptações para o cinema, quadrinhos, games, animes e etc, mas muitos se esquecem de como a fama deles começou, quem foi o responsável por eles ficarem enraizados na cultura pop e sim o responsável tem nome: A Universal Studios, que dos anos 30 até os 50 encheu os cinemas com filmes dessas criaturas aterradoras, longas esses que deram muito medo no público, mas que também os cativaram.

No artigo de hoje, iremos falar dos mais clássicos filmes dos chamados Monstros da Universal, longas que entraram para a história do cinema e da cultura como um todo.

Sem mais delongas, nos acompanhem.

Drácula – 1931

É claro que temos que começar com ele, o vampiro mais famoso do mundo e com o filme que consolidou a sua figura de uma vez por todas, sim ele mesmo, o Conde Vlad Dracula ou para os “íntimos” Drácula.

Criado por Bram Stoker, Drácula surgiu na literatura em 1897 e foi um sucesso estrondoso, o que lhe rendeu adaptações para o teatro e quando o cinema surgiu, a história de horror foi uma das primeiras á ser adaptada. Houve um primeiro filme feito na Hungria em 1921, hoje considerado perdido e o extremamente famoso Nosferatu, Eine Symphonie des Grauens lançado no ano seguinte (e como não era uma adaptação autorizada foi processado por violações de direitos autorais).

Só em 1931 seria lançada a versão oficial da Universal. Tomando como base uma das peças de teatro, o filme adapta o famoso livro, tendo Drácula interpretado por Béla Lugosi, no papel que marcaria para sempre a sua carreira.

A história mostra Drácula indo de seu lar na Transilvânia para Londres, onde passa á perseguir á jovem Mina Harker (Helen Chandler) e apenas a interferência do Dr. Abrahan Van Helsing (Edward Van Sloan) poderá deter o monstro. O longa dirigido por Tod Browning foi o responsável por consolidar Drácula como uma figura elegante e sedutora (bem diferente do visual horrendo do livro) e o seu sucesso foi tamanho, que logo a Universal percebeu que tinha uma mina de ouro nas mãos e passou á adaptar outros livros de terror e colocar todos em um mesmo universo (e vocês achando que isso era novidade nos cinemas).

Frankenstein – 1931

Exatamente no mesmo ano, outro clássico da literatura de horror foi adaptado pela universal, Frankenstein escrito por Mary Shelley e publicado pela primeira vez em 1818, como Drácula, a famosa trama do cientista que dá vida para um ser abominável entrou para a história.

Assim como o longa do Drácula, O Frankenstein da Universal usou muitos licenças poéticas em relação ao livro, começando pela própria aparência da criatura, que no livro é um ser amarelado e de cabelos longos e no filme é verde, tendo a famosa cabeça achatada com parafusos no pescoço. O seu comportamento também é diferente na versão literária com ele sendo inteligente e vingativo, ao contrário da besta irracional do filme.

O longa dirigido por James Whale, mostra o cientista Henry Frankenstein (Colin Clive) e seu assistente corcunda Fritz (Dwight Frye) dando vida através da energia gerada por um raio (em uma das cena mais famosas da história do cinema) á uma criatura feita com pedaços de diversos cadáveres e que isso daria início á vários horrores e mortes.

O monstro magistralmente interpretado por Boris Karloff, assim como o Drácula de Lugosi, se tornou a principal referência quando se pensa em Frankenstein, com o filme fazendo um sucesso espantoso e consolidando totalmente a Universal como a casa dos monstros no cinema.

A Noiva de Frankenstein – 1935

O livro Frankenstein nunca teve uma sequência oficial, porém na obra o monstro exigia de seu “pai”, a criação de uma companheira, uma noiva.

No livro isso acabava não acontecendo, mas a Universal resolveu utilizar a ideia como premissa para fazer uma sequência de sua adaptação da obra de Mary Shelley. Dirigido novamente por James Whale, A Noiva de Frankenstein mostra que a criatura dada como morta no fim do longa original (vívida por Karloff mais uma vez), não só sobreviveu como também se tornou mais inteligente aprendendo até mesmo á falar.

Septimus Pretorius (Ernest Thesiger) cientista e antigo mentor de Henry Frankenstein (interpretado mais uma vez por Colin Clive), usa de uma influência um tanto quanto maligna para incentivar o antigo pupilo á criar uma noiva para o monstro. Assim uma versão feminina da criatura é criada (interpretada por Elsa Lanchester, que ficou tão famosa quanto Karloff no papel).

Porém mais uma vez, Henry vê que as criaturas que ele cria são apenas imitações e o próprio monstro percebe o mesmo, quando a sua noiva o rejeita, o que provoca um final melancólico e sombrio.

O filme fez tanto sucesso quanto o primeiro e também entrou para a história do cinema e da cultura pop.

A Múmia – 1932

Menos famoso que Drácula e Frankenstein (mas não tanto assim), A Múmia foi uma das primeiras ousadias da Universal.

Ao contrário dos filmes anteriores, o longa dirigido por Karl Freund não era uma adaptação de nenhum livro específico e tampouco seguia a linha gótica de Frankenstein e Drácula, se baseando na abertura da tumba de Tutancâmon em 1922 e pela suposta Maldição dos Faraós, que mataria qualquer um que violasse seus túmulos.

Na história no antigo Egito o sacerdote Imhotep (Em outra marcante interpretação de Boris Karloff) foi condenado á morte por tentar usar de artes sombrias para ressuscitar sua amada, a princesa Anck-su-namun.

No futuro a sua múmia é descoberta e por descuido revivida. Imhotep passa á fingir ser um homem chamado Ardeth Bay, até que encontra uma jovem chamada Helen Grosvenor (Zita Johann), que ele acredita ser a reencarnação da princesa Anck-su-namun. O monstro passa então á fazer de tudo para matar Helen e usar o seu corpo para ressuscitar sua amada e para isso irá acabar com qualquer um que ousar ficar no seu caminho.

A Múmia também foi um sucesso estrondoso na época e no futuro, mas especificamente em 1999, ganhou um reboot que por sua vez gerou uma famosa trilogia de sucesso estrelada por Brendan Fraser. Mais recentemente, em 2017 ocorreu um novo reboot (e uma tentativa de se iniciar um novo universo compartilhado de monstros).

Mas como bem sabemos o filme com Tom Cruise foi um desastre.

O Homem Invisível – 1933

Outro filme que se trata de uma adaptação de um livro e não qualquer livro, um excelente de autoria de ninguém menos que H. G. Wells.

Lançado em 1933 e como os longas de Frankenstein de dirigido também por James Whale, O Homem Invisível se diferencia um pouco dos demais filmes por ser um filme mais bem-humorado, misturando elementos de humor negro com ficção científica. Na trama o cientista arrogante Jack Griffin (Claude Rains) cria uma fórmula de invisibilidade e a usa em si mesmo, porém ele se vê incapaz de voltar ao normal.

Após várias tentativas fracassadas de voltar á ser visível, Griffin começa a enlouquecer se tornando um assassino obcecado por poder. Como seus filmes irmãos, O Homem Invisível se tornou um grande sucesso e o visual de bandagens e óculos escuros assim como os da já citados Drácula, Criatura de Frankenstein e a Múmia, também ficaria para sempre marcado na história da Sétima Arte.

Outro ponto que não deve ser ignorado são os efeitos especiais inéditos para época e que surpreendentemente conseguem convencer até hoje.

Nesse ano de 2020, foi lançada uma elogiada releitura do filme, que deve finalmente dá início á um bem sucedido renascimento dos monstros da Universal.

O Lobisomem – 1941

Como a Múmia, O Lobisomem não é uma adaptação de nenhuma história específica, sendo baseado nas já antiquíssimas lendas de criaturas licantropias. Na trama Larry Talbot, um homem comum é mordido por um lobo, mas ele logo percebe que aquele ser não era um animal comum. Talbot descobre que se tornou um homem amaldiçoado, um lobisomem legítimo e passa a ser atormentado pela maldição, matando todos que cruzam o seu caminho.

Com direção de George Waggner, o filme se tornou outro sucesso da Universal, com o visual da criatura feito com uma espantosa maquiagem sendo grandemente elogiado e como seus colegas monstruosos de estúdio, o Lobisomem virou referência e inspiração para muitas outras obras.

O longa foi estrelado por Lon Chaney Jr., filho do também ator* Lon Chaney,* que entre os trabalhos marcantes foi o Fantasma da Ópera no clássico filme mudo de 1925. O longa teve vários crossovers no futuro com outros monstros do estúdio, como a Criatura de Frankenstein e Drácula. Em 2010 o filme teve um remake bem competente estrelado por Benicio del Toro e Anthony Hopkins.

Uma curiosidade do longa clássico é que o lobisomem que mordeu Talbot era um cigano chamado Bela, que foi vivido por ninguém mais que…Béla Lugosi.

O Fantasma da Ópera – 1943

Apesar de também ser uma adaptação de outro clássico da literatura, O Fantasma da Ópera de 43 se trata de um caso á parte, pois aos contrários dos demais filmes, a Universal já tinha feito uma adaptação da obra de Gaston Leroux, sim a já citado acima versão de 1925 com Lon Chaney.

Na minha humilde opinião, o longa clássico é melhor, por ter um ar mais gótico e soturno fortemente influenciado pelo Expressionismo Alemão, porém isso não desmerece a segunda versão.

Na trama, o violinista Erique Claudin (Claude Rains, o mesmo ator de Homem Invisível) é demitido da Ópera de Paris após um problema físico que o impede de tocar como antes, além disso ele tem uma paixão não correspondida pela cantora Christine Dubois (Susanna Foster). A sua situação ruim, piora ainda mais quando ele é atacado com ácido, ficando com o rosto desfigurado e enlouquecendo.

Usando uma máscara, Claudin passa á assombrar a Ópera perpetuando acidentes e assassinatos com o intuito de favorecer sua amada.

O filme dirigido por Arthur Lubin é um dos raros á ser lançado em cores e ter um aspecto mais ameno que os demais, contando até mesmo com cenas de humor e musicais, um dos possíveis motivos para isso é que o mundo vivia as tragédias reais da Segunda Guerra na época e os produtores não acharam interessante colocar um tom de mais horror nas telas. O longa dividiu a crítica em seu lançamento, mas foi bem de bilheteria.

O Monstro da Lagoa Negra – 1954

Nos anos 50, os monstros góticos passaram á competir com outras criaturas do horror, o medo de uma guerra nuclear unido aos vários avistamentos de OVNIS fizeram que muitos filmes com monstros radioativos e alienígenas surgissem. Seguindo essa onda, a Universal lançou Creature from the Black Lagoon, criando assim o seu último monstro clássico, Gill-man, um ser anfíbio com características humanoides.

A história se passa aqui no Brasil, no Amazonas e foca em uma expedição geológica que procurava fosseis que comprovariam a evolução de seres aquáticos para terrestres, mas eles acabam encontrando bem mais do que só fosseis e sim um ser bem vivo e mortal.

O filme do tardio monstro do estúdio foi dirigido por Jack Arnold e também fez sucesso como os anteriores.

Bem e chegamos ao fim do texto, se você nunca assistiu á esses filmes seja por não conhece-los ou por preconceito por serem antigos, sugiro que reveja isso, pois vale muito á pena. Com o sucesso da nova versão de Homem Invisível, talvez finalmente a Universal consiga relançar os demais clássicos de forma certa fugindo de bombas como Dracula Untold e a Múmia de 2017, só nos resta esperar e torcer.

Pipoca Extra: